segunda-feira, 8 de março de 2010

Entrevista com Vinícius Dorin

IBMC - Qual sua formação e influências na música?

Vinicius Dorin - Comecei com o piano em Araçatuba aos sete anos, desde criança sempre gostei de música, meus pais tinham discos de boas orquestras, de música erudita, mpb , música instrumental e eu ficava ouvindo horas.
Mudamos para Itu, onde estudei com uma professora particular e depois entrei para o Conservatório Maestro Elias Lobo, onde acabei me formando alguns anos depois. Nesta mesma época comecei a estudar flauta com o professor Carlos Mesquita e ingressei na Banda União dos Artistas, onde tive as primeiras aulas de sax alto.
Estudei saxofone em Tatuí e fui convidado a integrar a Orquestra Sambrasil de Itu, onde fiz meus primeiros trabalhos, isso aos 16 anos.
Depois toquei num outro grupo de baile o Makros, de Cerquilho.  Em 1981  ganhei uma bolsa para estudar no CLAM, do Zimbo Trio, onde estudei piano, harmonia e improvisação com Fernando Mota e Amilton Godoy,  estudei também sax, flauta, harmonia e improvisação com J.C.Prandini.
Nessa época comecei a ficar mais em São Paulo e toquei com vários grupos, como a banda da Patroa com Silvia Goes e Arismar do Espírito Santo, big band de Laércio de Freitas, Orquestra do Maksoud Plaza, entre outros. Eu procurava ouvir de tudo, jazz, Cannonball, Parker, Coltrande, Phil Woods, Oscar Peterson, Bill Evans, big bands, Vitor Assis Brasil, Hermeto, Zimbo trio, música erudita, tudo.

IBMC - O que você acredita que é mais importante para o desenvolvimento de um artista?

Vinicius Dorin - Aprender muito com os outros, ser muito observador, sempre  se aprimorar e nunca se acomodar, procurar tocar com bons músicos, mesmo que financeiramente seja menos vantajoso.

IBMC - Como surgiu a idéia do disco Revoada?


Vinicius Dorin- Fui convidado pela Léa Freire, do selo Maritaca e como já tinha um grupo definido e havia feito alguns concertos, não foi difícil. Rearmonizei  alguns temas,  gravei uma música do André Marques e Violão Vadio do Baden gravei com Arismar, gravei também  uma música que o Hermeto compôs no estúdio, chama-se Viniciando.

IBMC - Qual sua opinião sobre o panorama educacional da música no Brasil em caráter institucional?
Vinicius - Essa história de música nas escolas é fundamental, toda cidade tem que ter um centro cultural com musicalização para as crianças.
A administração pública tem que apoiar mais as bandas de música e é notável que precisamos de mais teatros, além de recuperar os já existentes.

IBMC - Como você vê a cena da música instrumental no Brasil?

Vinicius Dorin- Nunca vi tão efervescente, com muitos músicos bons, uma geração excelente, formando grupos e orquestras muito boas e também festivais de música instrumental e música cantada de qualidade aumentando por todo Brasil. Com essa historia de internet, os jovens procuram e acham uma música que nunca ouviram na tv e no rádio. Está havendo um renascimento musical no Brasil, quanto a isso estou muito otimista!

IBMC - Para os apreciadores de seu trabalho, qual a dica sobre improvisação que você poderia deixar aqui?

Vinicius Dorin - Estudar um instrumento harmônico, de preferência o piano, isso facilita a visualização dos acordes e suas notas. estudar tecnicamente no instrumento os arpejos, escalas, padrões, articulações, acentuações, desenhos, ritmos brasileiros, tudo de uma forma que se possa aplicar na música que se faz. Também ouvir de tudo. Música bem tocada, claro!

IBMC- Onde as pessoas podem ouvir seu trabalho e como adquirir o disco?

Vinicius Dorin - Tenho uma página no myspace,( www.myspace,com/viniciusdorin) onde as pessoas podem fazer download de várias músicas. Quanto ao disco tenho alguns exemplares ainda, quem se interessar, pode solicitar pelo e-mail:  viniciusdorin@ig.com.br

IBMC - Obrigado Vinicius! Se quiser acrescentar alguma idéia ou comentário,  fique a vontade.

Vinicius Dorin- Obrigado ao pessoal do IBMC! Acrescento então que, precisa ficar clara a diferença entre negócio, imagem e arte. As vezes se fala de letra e imagem como se fosse música, o público precisa se identificar com a música, os pais que tem mais informação devem levar os filhos a concertos, shows e explicar sobre os instrumentos musicais, arranjo, improvisação, melodia, enfim, falar sobre música.
As pessoas que não tem algum parente ou amigo músico, geralmente não sabem o que é música instrumental, improvisação, principalmente por falta de espaço na rádio e na televisão.
Seria muito importante serem realizados workshops de músicos em escolas mostrando fundamentos musicais.


IBMC - É mesmo Vinicius! Se toda a sociedade se mobilizar em prol de idéias e ações que acrescentem às futuras gerações, teremos com certeza uma perspectiva melhor tanto para a evolução da arte como da sociedade num todo, mais uma vez muito obrigado pela parceria com o IBMC e até uma próxima!
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2 comentários: on "Entrevista com Vinícius Dorin"

Anônimo disse...

é isso aí,mas infelizmente nao estou tao otimista como o vinicius qto ao que ele disse q os jovens estao ouvindo coisas que nao ouvem no radio e na tv,devido a internet!!!a musica está cada vez mais se afunilando para os que ouvem e par aos que a fazem,ja dizia o j.c.prandini q foi professor do vinicius,qdo fui aluno dele tbem na unicamp,que esse processo em que a musica sofre iria piorar cada vez mais,e ,qdo o lula entrou,aí q piorou mais ainda...vc ve pelo nivel de alunos q frequentam os conservatorios estaduais e municipais,ninguem quer mais botar a massa cinzenta p funcionar e o imediatismo predomina na cabeça dos jovens e musica nao é pra ontem,é pra toda uma vida...abç...endre

Sandro Nogueira disse...

Já estudei e fui professor em conservatório e o que mais me chamava atenção era o número de evasão que este tipo de instituição tinha e sei que ainda tem, pergunto, não é meio estranho uma escola que oferece entretenimento gratuito ter tanta evasão?
Natural! Enquanto os educadores acreditarem que música é apenas a racionalização do som isso continuará acontecendo.
Uma pessoa perde horas em frente a uma televisão porque isso a entretém, aí fica difícil competir, é natural que um garoto que pira ouvindo uma bandinha da moda não veja sentido em começar a tocar guitarra estudando métodos do Willian Leavit, ou similares.
As instituições precisam adequar o ensino da arte para as diversas portas de percepção que existem.
O melhor método é ter a capacidade de orientar uma pessoa a descobrir o magnífico e encantador mundo da música. Julgo tão incoerente quanto um aluno ter preguiça de pensar o fato de um educador insistir em reproduzir uma prática educacional apoiado em metodologias descontextualizadas e cheias de mitos.
Creio que as instituições de ensino amparadas por regimentos governamentais precisam de uma reforma educacional, isso já esta mais que claro.
Enquanto os professores ficarem acomodados colocando a culpa no sistema, mais e mais alunos deixarão estas instituições, e lamentavelmente, poderiam ser educadores para a arte do futuro.
Como músico e educador, sei que ainda temos muito trabalho pela frente, e quanto a isso também estou otimista, pois estou conferindo na prática (o maior fundamento da realidade) e não na teoria que as pessoas estão abertas para aprenderem o que não conhecem. Compreendo que os professores de arte da rede pública são oprimidos por salários medíocres e jornadas de trabalho exaustiva, e sei também que faltam bibliotecas e recursos técnicos como bons instrumentos, salas de ensaio, enfim uma estrutura geral.
Enquanto não temos todos os recursos para executar um trabalho educacional adequado, vamos fazer mais música!!! Pois a arte por si só incita à reflexão e forma opinião.

Abraço.

Sandro Nogueira.

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